Como falar de morte com as crianças?
Com certeza esse é um tema muito delicado e difícil de ser falado em qualquer época da nossa vida.
Se é difícil e confuso para nós adultos imagine para as crianças!
A morte é inevitável e pode acontecer a qualquer momento, com qualquer um de nós. Quando nos deparamos com ela, seja no caso de um bichinho de estimação ou com um ente querido, as crianças precisam de todo nosso apoio e sinceridade.
Antes de começar a explicar o ocorrido temos que ter claro em nossa mente o que a morte significa para nós. É necessário pensar no que realmente acreditamos, porque só assim poderemos responder aos questionamentos das crianças.
Muitos pais tem dúvida de quando falar sobre o assunto ou então preferem nem falar. Deixar de tocar no assunto não é solução, pois infelizmente a morte é parte da vida de todos. Ela ocorre com as plantas, os bichinhos de estimação e pode levar algum ente querido (amigos e familiares). A melhor época para falar sobre o assunto é quando a situação acontece.
Entre 5 a 7 anos a criança começa a entender melhor como sua vida está relacionada com as coisas que acontecem a sua volta, então, automaticamente ela conseguirá relacionar a morte com algo que ela perdeu, como um brinquedo por exemplo.
A morte faz parte do ciclo da vida, uma ótima maneira de preparar seu filho de maneira simples é ensiná-la desde pequena com exemplos práticos. Plante uma semente e vá mostrando como ela nasce, cresce e morre. Lembra daquele feijãozinho plantado no algodão que todos nós fizemos na escola? Agora ele pode de ser um ótimo aliado. O mais importante dessa experiência é mostrar que esse processo é natural e que independe de se ter cuidado direitinho da planta.
Existem três itens em relação à morte que a criança precisa entender:
- Tudo que é vivo vai morrer um dia
- Quando morre não volta mais
- Depois que morre, o morto não sente dor, não corre, não sente medo, não dorme, não pensa, não age mais
Para contar para a criança que alguém morreu, o melhor é não mentir e nem contar historinhas do tipo: “ele dormiu para sempre”, “descansou”, ou “fez uma longa viagem”. As crianças entendem as frases como elas exatamente são e podem achar que a vovó que morreu está apenas dormindo e vai acordar a qualquer momento e chegar em casa ou que todo mundo que viaja nunca mais volta, ou quando o papai chegar e disser que está cansado, ela vai achar que então ele irá morrer. Dizer também que “fulano virou uma estrelinha” não é a melhor maneira de explicar a morte, pois a criança vai acreditar e quando olhar para o céu irá achar que todas as estrelas são pessoas mortas.
Se um ente querido estiver muito doente a criança deve saber o que está acontecendo, poisr mais nova que seja ela irá perceber o clima da casa. Explique que a pessoa está doente e que é grave. Se caso a pessoa morrer nunca chegue na criança contando o que aconteceu de repente, comece a conversa relembrando do ciclo da vida da plantinha, daquele feijãozinho que vocês plantaram. Dê espaço para ela tirar todas suas dúvidas.
Nunca esconda seus sentimentos, não queira passar a imagem de que está tudo bem, pelo contrário, exponha suas emoções, chorar e dizer que será difícil para todos da família, vai fazer a criança perceber que o que ela está sentindo é normal e que não está sozinha.
O mais importante de tudo é sempre agir com honestidade, com a verdade, para que ela possa sempre confiar em você. Se você não souber responder a alguma pergunta que ela fizer, não tem nenhum problema dizer “não sei”. Buscar a resposta junto com seu filho, poderá uni-los ainda mais.