Separação dos pais: como falar e lidar?
Até pouco tempo os medos comuns da infância eram: medo do escuro, de barulho, de certos animais ou de fantasmas e monstros. Hoje, devido ao enorme número de separações, as crianças temem que seus pais se separem. Parece que existe um script: As pessoas se casam, têm filhos e se separam.
As crianças sabem de tudo o que acontece em casa. Por isso, sou partidária de uma conversa franca em que as fantasias das crianças possam ser esclarecidas e os seus medos possam ser atenuados. Se seu filho já percebeu que os vocês vão se separar, não negue a sua percepção e nem minta para ele.
Explique para o seu filho que vocês andam discutindo muito e que mamãe e papai vão morar em casas diferentes. Garanta à criança que ela não é a responsável pelas discussões. Os filhos se sentem muito culpados pela separação dos pais. Tenha o cuidado de lhe dizer que vocês se separarão, mas que continuarão sendo pais dela a vida inteira. Recomendo que essa “conversa” seja feita com o casal e os filhos, assim todas as perguntas e respostas poderão ser feitas e dadas às claras.
O que mais prejudica a criança não é a separação em si, mas a forma como esse casal vive e ou se separa. Gosto das conversas olho no olho e com todos os envolvidos presentes, pois sei que certos casais vivem e se separam como cães e gatos, praticando o crime de alienação parental.
O maior cuidado que se deve tomar é o de não destruir a imagem do pai ou da mãe. Ninguém se separa sem dor. A família toda sofre esse luto e é preciso encarar a dor com coragem. Dizer aos filhos que o casal não está conseguindo se entender e ser feliz. Portanto, fazer uma separação “amigável” ou no mínimo “civilizada é fundamental.
A criança precisa entender que ela não perdeu os pais e a família. Precisa entender que foi apenas o casal que se separou e que ela terá sempre os seus pais por perto. Que bom seria se o casal tivesse um mínimo de maturidade, bom-senso e amor pelos filhos, a ponto de serem amigos, discutirem a educação dos filhos e estarem juntos nos momentos importantes.
Dicas essenciais:
- Não destrua a imagem de ninguém que a criança gosta. Deixe que ela tire as suas próprias conclusões, quando crescer.
- Não se aconselhe com o seu filho. Ele não tem maturidade para isso.
- Não o envolva em seus problemas.
- Não peça que ele minta para o pai ou a mãe.
- Não o faça de espião nos ambientes que ele frequenta e nem de garoto(a) de recados.
- Não o use como moeda de troca.
- Facilite os encontros, promova situações em que toda a família possa se encontrar.
- Guarde as suas mágoas para si. Aprenda a perdoar.
- Todos os relacionamentos oscilam: É preciso saber ceder, ter flexibilidade, paciência, respeito.
- Não queira controlar e nem manipular os encontros da criança com o pai, ou a mãe. Deixe que cada um tenha a sua própria rotina com o filho.
Lembre-se: A saúde de uma criança é medida pela qualidade dos vínculos afetivos com os seus pais.